sábado, 28 de fevereiro de 2015

Poesia - Ilha das Ilusões Perdidas

Ilha Das Ilusões Perdidas (07/02/2013).

Oh! O que vejo na praia?
Debaixo de coqueiros lilases
Bailarinas rosas, todas meninas, metendo os dedos
Dedos dos pés!
Na areia fofa, a saltitar
Elas são as melhores do mundo!
Todos os êxitos, nenhum fracasso!
E uma multidão a aplaudir

Olho para outro lado
E vejo meninos a jogar bola
Que craques maravilhosos eles são!
Dribladores inveterados!
Passam um, dois, três... e é gol!
Campeões do Mundo!
Taças, títulos e sucessos!
O Universo a seus pés!

Adentro a ilha
A floresta fica densa, escura
Tenho muito medo!
Quando o breu é total
Vejo um pequeno ponto de luz
Me aproximo e acho uma gruta
Cuja luz vem de dentro
Estou com receio, mas entro

Ali, encontro um mundo urbano
Só com adultos...
Um mundo cinza, de gente normal
Fazendo coisas normais
Motoristas, porteiros, professores
Bancários, farmacêuticos, médicos
Engenheiros, comerciantes, faxineiros
Todos com semblantes sisudos

Só aí é que me dei conta
Eles deram as costas para o mar
Abandonaram a infância
Voltaram-se para o real
Assumiram suas responsabilidades
Amadureceram e endureceram
Esqueceram os seus sonhos
E perderam as suas ilusões.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Poesia - O Tempo Não Passa

O Tempo Não Passa (23/11/2012)

O moribundo poeta dizia
“O tempo não para”
Ah, mas não é só isso!
O tempo, também, não passa!
Principalmente se estamos mergulhados
em profunda agonia
Aí, cada segundo é uma eternidade
E a alegria é a falsidade

Ah, relógio! Teus ponteiros se arrastam
Maldita inércia temporal!
Tudo fica lento, muito lento...
Enquanto você trabalha...
A morosidade é o rebento
do sujeito que rala e ralha
Socorro! Acelera o ponteiro!
Assim, nunca acabarei inteiro!

Na praça, a babá socorre o neném
Fraldas sujas e mamadeiras também
O chocalho oscila rápido
Mas o mostrador digital é estático
Temperatura alta, tempo mole
O calor derrete a velocidade
Parece até maldade
Mas não vejo o futuro da cidade

Ah, mas o tempo só correrá
se o prazer chegar
Aí, o tempo sumiu!
Ninguém sabe, ninguém viu!
“Vida louca, vida breve”, assim dizia o poeta
Daí surge a dúvida:
Vivo pouco, mas bem
Ou vivo muito, mas mal???

sábado, 21 de fevereiro de 2015

Poesia - Chuva de Estrelas

Chuva De Estrelas (23/11/2012)
Olha lá no céu!
O que é aquilo?
São as estrelas caindo?
O mundo se acaba?
O Universo se esgarça?
Que lindo é tal espetáculo!
A retratar tragédia tão violenta!
Que ceifa a vida em tormenta!

Lá vêm as supergigantes azuis!
Luz que cega, queima!
Luz que desintegra...
Meu corpo já não vive...
Mas tamanho espetáculo supera as fronteiras da morte
Ainda vejo a queda dos astros
Gigantes vermelhas, frias
Dão um tom rúbeo ao firmamento

Aí, aparecem as anãs brancas
Corpos frios, densos, brasas espaciais
Que se apagam em anãs marrons
Logo após, estrelas de nêutrons
Ah, suas degeneradas!
Algumas são tão exibidas, mas tão exibidas
Que giram magneticamente, giram, giram!
Tresloucados pulsares!

Por fim, o estágio final
Violentas fontes de raios-X
E nada para ver...
Mas eles estão lá, com certeza!
Tudo atraem, até a luz!
Dilaceram e devoram a tessitura do Universo!
São os enviados do apocalipse!

São os buracos negros!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Poesia - Redução de Amplitudes

Redução De Amplitudes (23/11/2012)

Quão altas estão minhas amplitudes!
Quantas vicissitudes!
Oscilo entre o triste e o muito triste
Felicidade não bota dedo em riste!
Dívidas, problemas, preocupações!
Desânimos e falta de emoções!
Estou cansado de tudo isso!
Procuro buscar em vida novo compromisso!

Quero um foco certeiro
Um objetivo maneiro
Estabilizar as tristezas
Não mais temer as incertezas
Se mexer e ver o que vai dar
E, na felicidade, ainda acreditar
Libertar-me da maldita rotina
Assim como a presa foge da rapina

Vamos apagar as mágoas do passado!
Vamos nos libertar do ranço desmesurado!
Chega de dor!
Chega desse maldito torpor!
Quero viver, quero respirar!
Quero voltar a amar!
Amar sem medo da decepção!
Sem cair de cabeça na frustração!

Daí é necessário o equilíbrio
Nem feliz demais, nem triste demais
Assim, evito meu martírio
E não me atormento com tormentas banais
Redução das amplitudes, penso eu
Pois meu sofrimento ninguém mereceu
Só assim, da letargia irei sair
E ressuscitarei para todo o meu porvir...

Poesia - Infernos Azuis

Infernos Azuis (06/11/2012)
Vem chegando a tempestade
Manto negro sem caridade
Encobre o céu formoso
Com a repugnância do leproso
Primeiro, a leve brisa
Que vem como quem avisa
A tormenta só irá mais crescer
E, sem piedade, tudo vai varrer

Vento vem violento
A fúria é o seu elemento
Raios sonoros de brilhos
Trovões de cores azuis sobre milhos
A lavoura testemunha a tragédia
Destruída ela é, sem média
O negro desaba em água
Da moça indefesa, nem sobra anágua

O céu abre, chega a bonança
Agora impera a temperança
Firmamento se torna azul claro
O arco-íris descreve seu aro
O silêncio impera no vale
Nenhuma voz, não há quem fale
Essa é a outra face da natureza
Que faz da calma sua ode a beleza

Estranha sina, a da azul cor
Num momento, ela traz dor
Na brutalidade de raios e trovões
Que destroem vidas e corações
Noutro momento, ela traz alegria sem par
Estampada em céu e mar
É o azul, a cor da vida
Em altos e baixos, passa destemida

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Poesia - Tudo se Acaba

Tudo Se Acaba (03/12/2012)
Tudo se acaba
Tudo se lava
Tudo se resvala
Nada mais fica
Nada mais sobra
Nada mais cola
Acabou-se a esperança
Não vejo mais temperança

Mergulho em brumas de trevas
Não vejo nada a minha volta
Estou sozinho num mundo de escuridão
A tristeza é a minha única compreensão
Um vulto surge no negro veludo
É um cavalo alado, igualmente escuro
Fantasma maldito vem me assombrar
Fruto de minha própria cabeça, a atormentar

Malogrado é o homem que cria insanamente
Seus próprios demônios, habitantes da mente
O Pégaso enegrecido por mim sobrevoa
Mas, eis que surge uma luz que destoa
É um Pégaso branco, trazendo a esperança
Meu coração se enche de alegria!
Mas, ao olhar a sua face, rápido eu ajo
E enterro a lança da mágoa em seu coração num ato

O ser alado, ferido, expele sangue negro
Volto-me para o Pégaso das trevas
Também o atinjo no órgão vital
Este elimina um sangue branco
Os dois nobres seres a minha frente agonizam
Eles possuem a mesma face!
Um misto de ódio e melancolia
Cuspindo um último suspiro de amargura...

Percebo, então, o significado daqueles seres
Eles são as duas partes de meu eu
Eles são Yang e Yin, um completa o outro
Meu lado bom e meu lado mau, o positivo e o negativo
Ligados pelo cimento da desilusão
Expresso em suas iguais faces
Minha alegria é contaminada pela tristeza
E minha maior alegria é ser triste.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Espaço para a poesia...

Olá a todos. Como este espaço tem ficado meio parado, decidi incrementá-lo com as minhas poesias. Tenho uma produção que comporta cerca de duzentas poesias. Algumas delas já foram publicadas nos primórdios do Yoshiwara´s World. Volto aqui a publicar minhas poesias, agora no Ateliê Lohse. Mas isso não significa que abandonei a fotografia e minhas pinturas, desenhos e colagens. Em breve, eles retornarão. Por ora, retornemos com as poesias...

Esperança (04/12/2012)
Ei você!
Você mesmo!
Que está acabrunhado, agoniado...
Que não vê o futuro no horizonte...
Que desistiu da vida...
Que não tem mais amor...
Que acha sua existência insignificante...
Que não tem mais alegrias...

Saia daí! Levante-se! A vida o espera!
Se não dá para ir de um lado,
vá por outro!
Busque novos caminhos!
Novas pessoas!
Novas perspectivas!
Você não tem o direito de se magoar!
Muitos já fazem isso com você!

A vida corre em suas veias.
Então, ainda dá para mudar!
Você errou, e não te perdoaram?
Primeiro se perdoe, então!
E busque alguém mais compreensível!
Todos são carentes no mundo!
Todos precisam de alguém!
Inicie sua busca já!

As pessoas têm qualidades e defeitos.
Desfrute as qualidades!
Esqueça os defeitos!
Olhe o melhor de cada um!
Olhe o melhor de si mesmo!
Torne a vida dos outros mais feliz...
Dê felicidade, busque felicidade...
Quem não aceitar a tua, azar...

Você tem tudo para ser feliz, meu amigo...
É só olhar o mundo de outro jeito...
Assim, as adversidades não te abaterão...
Divirta-se! Ame! Mesmo que você não seja amado...
Alguns, com certeza, gostarão de você...
Ria, traga alegria às pessoas...
E elas não te abandonarão...
Para finalizar essas linhas, só lembro:

“Só se leva dessa vida, a vida que se leva”.